"Tempo médico perdido": médicos estão fartos de 2 milhões de atestados médicos "absurdos"

Em Lille, no Norte, um carimbo bastante incomum adorna o consultório de um clínico geral. Jean-Philippe Platel, presidente da Associação Médica do Norte, diz que o usa com frequência quando se depara com o que chama de " atestados absurdos ".
"Por exemplo, para faltas escolares que não exigem certificado, escolas de ensino fundamental e médio sequestraram o sistema dizendo 'não exigimos documentos para a escola, mas para o refeitório'. Isso é a hiperadministração francesa levada ao extremo", denunciou o médico à BFMTV.
Profissionais de saúde também estão de olho em atestados solicitados por clubes esportivos, seguradoras ou empregadores para licença médica durante o período de espera, mesmo que o trabalhador não receba pagamento em nenhum caso.
"São consultas que não devem ser honradas e reembolsadas (pelos planos de saúde, nota do editor) porque não é cuidado, é prevenção", disse ele.
Esses procedimentos, segundo os médicos, estão congestionando seus consultórios. "É um problema para os pacientes, porque eles vão recusar outras pessoas", alerta Mickael Rochoy, clínico geral em Outreau (Pas-de-Calais).
"Se as pessoas já passaram pela experiência (...) de ligar para cinco a 20 médicos e receber tantas recusas, a situação também está ligada a esses problemas absurdos de atestados, que fazem com que tenhamos desperdiçado tempo médico que poderia ser usado pelos pacientes", explica o clínico geral.
Este último estima que, a cada ano, na França, cerca de 2 milhões de consultas são relacionadas a um certificado considerado absurdo.
BFM TV